2 – O empreendedor de sucesso não deixa que interesses particulares se sobreponham aos interesses da marca.

Um dos grandes inimigos do empreendedor é seu próprio ego. Vamos entender por ego o “personagem” que criamos para podermos viver em sociedade. Eu sou o “descolado engraçadão”, ela é a “séria estudiosa”, ele é o “aventureiro” e assim por diante. São inúmeros os rótulos que colocamos em nós mesmos e nos outros para termos a sensação de pertencimento e destaque em sociedade. Essa projeção que fazemos de nós é a semente de todos os nossos medos, frustrações, ansiedades e fracassos na vida.
Exemplo de pensamentos embasados no ego: “Eu sou uma pessoa inovadora, fui um grande corretor de imóveis e hoje tenho uma imobiliária com 200 corretores, dos quais me orgulho muito. Conheci minha esposa no ramo e o ex-namorado dela tem uma imobiliária concorrente”.

Apesar da profissão “corretor de imóveis” ter grandes chances de desaparecer ao longo do tempo, a projeção de quem o empreendedor acha que é pode fazer com que, apesar de estar inserido no ramo, ele perceba a mudança de cenário muito depois que o consumidor. Ele provavelmente ignorará os insights até que a mudança seja a última cartada.
Outro exemplo: “Criei este projeto e há dois anos estou trabalhando nele. Fiz todos acreditarem que este seria o projeto da minha vida, um projeto de sucesso que me representaria e traria felicidade”.
O “timing” pode ter sido perdido e o projeto pode não ter mais a eficiência esperada, talvez deva ser reinventado ou até mesmo abandonado, porém é sempre muito difícil admitir o erro e encarar amigos, família, etc.

Veja bem, este conceito não tem nada a ver com pensar grande, ter objetivos e buscar o sucesso. O problema é achar que essa projeção que fazemos é de fato o que realmente somos, deixando nossas decisões serem guiadas mais por medos, politicagem, relacionamentos e interesses pessoais do que pelos insights dados pelo mercado e pelo consumidor, perdendo a oportunidade de criar uma relação profunda com eles. Assim, além da tentativa de levar adiante ideias míopes, muitas outras ideias que poderiam ser inovadoras acabam engavetadas ou nem sequer cogitadas por não atenderem os interesses que estão em jogo, os interesses do ego.
Outras ações derivadas desse comportamento são poupar em uma forma nova de divulgar sua marca para poder investir em ações que geram maior status imediato, como patrocinar o time do coração, investir em algum programa de TV relevante para o empreendedor, mesmo que seu consumidor não o assista, investir em feiras e eventos ineficazes, somente porque outra marca ou um concorrente estão lá, etc.
Dessa forma, haverá mais aplausos que lucros, e quando os lucros se transformarem em prejuízos, os aplausos também terão fim, restando somente dúvidas sobre o que deu errado.
Dica importante para melhorar este comportamento:
Ouça ideias sem fazer pré-julgamentos, esteja aberto a deixar velhos conceitos, não faça do seu modelo pessoal ideal o seu modelo ideal de empresa, deixe que o consumidor lhe dê os insights que vão guiar o rumo do seu negócio e para onde vão os investimentos.